Elaborando...

...Elaborando:

Meus escritos são como imagens de um caleidoscópio: pequenos fragmentos repetidos, ampliados e combinados para formar uma imagem, fechar uma gestalt.
Todos viram personagens, posso usar qualquer vivência, minha ou de outras pessoas, tudo o que me toca e pede algum sentido. Onde havia canutilhos e miçangas podemos ver flores, mandalas, imagens de abstrações variáveis.
Você pode estar refletido em algum, ou vários, momentos. Mas não se ache tanto nem tão pouco: não há lugares fixos, e você pode ser apenas dois canutilhos e uma miçanga, não a figura completa.
E por quê? Porque fechar gestalts é uma função básica do cérebro, porque escrever é um meio de elaborar vivências e transformá-las em algo que se pode ver sob várias perspectivas. Porque é meu modo de crescer, porque preciso ver algum sentido na vida. Ou simplesmente porque é possível passar horas apenas rodando um velho caleidoscópio.

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sábado, 24 de setembro de 2011

Namoro

...eu diria sim.
Apesar de todos os fracassos pregressos
Apesar do medo de perder o que eu nem tenho ainda
Apesar de o azul dos seus olhos ser calmo e eu ser uma tormenta em mar aberto.
Eu olharia para os lados, buscando um ponto de fuga
Eu perderia o fôlego, a voz e gesticularia muito
Tentando explicar que você é um encanto
Mas meus pés não se moveriam para o mesmo lado das minhas palavras
Ainda que eu dissesse apenas sim
Eu tentaria explicar os porquês, tentando não me expor muito
E seria um fracasso completo – você não entenderia nada
Ou melhor, entenderia o contrário do que eu quero
E não ouviria meu sim
Meu sim em meio aos medos
Como uma pequena chama na tempestade
Um sim baixinho, que consome toda a força dos meus pulmões
Talvez em meio a tanto medo
Eu faça uma piada
Ou apenas mostre meus olhos rasos d’água
Talvez você consiga escutar
Ler o que se passa longe das palavras
Se você for esperto, desiste logo

Mas talvez você já tenha escutado o que achou mais importante
E talvez escute apenas o que é doce e bom
Talvez você toque na minha mão na hora certa
E talvez eu simplesmente diga sim
Talvez você nem me pergunte nada

Mas se perguntasse,
...eu diria sim...



Ing 31/01/09

Convite


Bem que podia
Você virar poesia
E entrar para minha história

Bem que podia
Você se render aos meus encantos
Esquecer seu espanto
E entender que o melhor vem agora

Agora que a gente se conhece
Agora que a vontade só cresce
E já não queremos ir embora

As afinidades aumentam
As diferenças acrescentam
O tempo pára, a mente cala
O corpo fala

Um idioma de desejos
Palavras feitas de beijos
Que viram frases pelo corpo
Contando histórias de prazer

Bem que podia
Você me fazer sua rima
E me cantar em verso e prosa

Bem que podia
Você, que me trouxe música,
Compor comigo esse momento
Acolher nosso sentimento
Com a liberdade dos meus versos
E a doçura dos meus lábios
Que cantam quando o tenho perto
Uma canção ainda incompleta
Canção de futuro incerto




Ing 23/07/08

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Galera Freud, a Garota Gestalt e o telefone

Superego não admitia a hipótese. Ego ponderava: “e se houvesse um bom motivo para ligar?!”
“Uma desculpa, né?”, esbravejou Superego.
Enquanto discutiam, educadamente um e deselegantemente o outro, Id enviou uma mensagem. Respondido prontamente alçou o telefone: franco atiradora - sempre assim.
E deixou os dois em nova discussão: mulher madura ou ridícula carente?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Na lata!

Eu sou essa, hoje
Caso queira
Eu sou amarga, hoje
Caso queira

Eu sou dessa cor, dessa raça
E dessa língua
Desse português mal falado
Desse cantar desafinado
Desse sambar desajeitado
Não sou daqui – sou de São Paulo

Caso queira,
Cuido muito
Cobro pouco
Choro escondido
E sei me apresentar com um bom sorriso
Em festas ou pequenas reuniões

Sou forte,
Mas vivo cheia de novas trincas
Prestes a ruir
Sempre a reconstruir

Sou sensível, mas não frágil
Tem que saber me prender – tem que ‘ter pegada’,
Caso queira
Fazer a magia durar

Sou essa, sou assim
E me prometo não mudar
Por você
E me prometo não deixar
Você crescer e se mudar
Para dentro do que ainda resta de mim

Ing
16/06/11

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sem Par

E eu me pergunto que tipo de dança é essa nossa
Em que você se afasta quando me entrego?
E eu só me entrego quando você se afasta
Na sua disponibilidade, me assusto
Na sua procura, me nego
Na sua volta, me recuso
No seu protesto, o invalido

Que dança é essa,
Em que você executa passos, movimentos, posições
Tão destacado de mim?
Que dança é essa em que nos seus braços
Rodopio sozinha
Numa música que só eu escuto?

Que dança estranha e antiestética
De um beijo que não se completa
De carícias que ficam vazias
Quando passam dos limites do abraço

Que dança?
Quem dança?
Quem dança com quem?
Acho que essa música é de dançar separado.

Ing 07/09/11

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Galera Freud & Friends


SuperEgo deu para escrever. Disseca as últimas vivências, classifica... tão intelectual.
Id quer postar, criar um novo blog.


Superego resmunga, questiona a validade teórica.
Ingrid se lembra que é Gestalt, mas não dá ibope com o Jovem Freud. Todos se decepcionam.
Toma um remédio e vai dormir. Id, SuperEgo e Superego viram as costas.
Às vezes nem brigar vale a pena. Cala a boca, Superego, você não venceu (e pode parar com os atos falhos, o Ego está presente, sim!). Daqui a pouco o remédio faz efeito e o Id assume. E amanhã, exausto, o Ego vai trabalhar de novo...


Super cego

Meu superego é mais cruel que os outros
Meu superego me distorce
Arrasa minhas parcas conquistas

Meu superego me desapropria
Deixa minhas idéias para terceiros
E eu fico para silêncio e solidão

Meu superego é sacana
Me arranca a pele, me força
Me dói todo o corpo

Ele não me vê
Não percebe minhas qualidades
Embola tudo naquilo que renego
Não me vê:
O ‘supercego’

Ing
16/06/11

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Do corpo e do ser

Venha tomar posse de mim
Passe a mão nos meus cabelos, nas minhas coxas
Arrebate um beijo
Entranhe-se pelo meu corpo
Espalhe seu cheiro sob minha pele
Tome posse da mulher e da fêmea
Deite-se sobre mim
Deite seus segredos em meu peito
E tome meu seio como alento
Abra sua alma em seus olhos doces
E me pegue pela mão
E me conduza por seus medos
E me cuide com sua coragem
E me convença com seu bom coração
Tome posse de mim
De meu corpo e minha alma
Nos gestos simples
E nos arroubos de desejo
Faca o mundo sumir
Na segurança do seu abraço
Porque meu mundo agora é entre seus braços
E sob seu corpo
E o fôlego
Entre sua respiração




Ing 07/08/11

Proporções


A noite é curta.
A vida é longa.
Os sentimentos são curtos também.
O desejo é efêmero.
As lembranças são maiores do que deviam.
O amor não tem medida
E o sofrimento é grande demais para ser medido.
A mágoa é eterna
E o perdão é pouco
E a noite é muito curta
Para descansar de tanta vida

Ing 15/08/11

*Nautilus e outras conchas se abrem em espirais logarítmicas caracterizadas pelas Proporções Áureas