Elaborando...

...Elaborando:

Meus escritos são como imagens de um caleidoscópio: pequenos fragmentos repetidos, ampliados e combinados para formar uma imagem, fechar uma gestalt.
Todos viram personagens, posso usar qualquer vivência, minha ou de outras pessoas, tudo o que me toca e pede algum sentido. Onde havia canutilhos e miçangas podemos ver flores, mandalas, imagens de abstrações variáveis.
Você pode estar refletido em algum, ou vários, momentos. Mas não se ache tanto nem tão pouco: não há lugares fixos, e você pode ser apenas dois canutilhos e uma miçanga, não a figura completa.
E por quê? Porque fechar gestalts é uma função básica do cérebro, porque escrever é um meio de elaborar vivências e transformá-las em algo que se pode ver sob várias perspectivas. Porque é meu modo de crescer, porque preciso ver algum sentido na vida. Ou simplesmente porque é possível passar horas apenas rodando um velho caleidoscópio.

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Soneto Atemporal

Não temo o tempo futuro
Mais do que temo o presente em vão
Torna-se, esse, em futuro vazio
Feito de presente, passado em solidão

Não temo o amor
Não mais do que temo a solidão
Que espreita, aguarda que o amor acabe
Cruel, é filha pródiga da paixão

E, se temo a paixão
Temo ainda mais a covardia
E desisto de tê-lo em meus braços

Desafio a solidão e guardo a nossa cama: vazia
Presente de paixão, passado em teus braços
Futuro de  melancolia


Ingrid
03/08/05

domingo, 28 de agosto de 2011

Processo Criativo


Id escreve poesias.
Superego aponta os defeitos.
Ego se divide entre corrigir e guardar TODOS os rascunhos...

Estatística

Chegou, onde eu não via espaço

Trouxe cor, mas logo esmaeceu,

Foi embora, deixou vazio

Hora errada: esse desfecho conheço

Virou estatística
                                     
        Ing  22/05/11

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

No Escuro


Tateando no escuro encontrei seus braços
Passeando por seus sussurros me aproximo... e me afasto
Tateando no escuro
Chega você para me guiar
Toma minha a alma
Quando ainda nem vi seus olhos


Fugindo do escuro caio em seu abraço
Desacredito
Afasto

Vontade de saber seu corpo
Grito seu nome
Não me ouves
Afasto

Vontade de aceitar sua vida
E simplesmente amanhecer ao seu lado

Quero deixar-me levar
Por suas palavras, atos e sussuros
Mas primeiro... seus olhos
Como confiar em quem também está no escuro?



Ing 28/08/07

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Galera Freud: O Início!

 Posso entender que a vida é um eterno esforço do Ego em não se deixar espremer pela insana briga entre Id e Superego. 
Posso explicar que meu Id me deixou sarcástica nos últimos dias, que meu Superego falou horrores sobre a injustiça de Deus, do amor e da vida. Enquanto o coitado do Ego estudou, trabalhou e corrigiu provas.
Sozinho o Ego foi atender pacientes no hospital. Sobrecarregado, mas pensou que se livrara do fardo Id / Superego. Acreditou-se insano ao constatar que os cães se dividem e-xa-ta-men-te em Id e Superego: os Id estragam a mobília nova, os sapatos caros e o dia dos donos. Os Superego se escondem após o momento Id, lambem as patas ate mudarem de cor. Beagles são apenas Id, poodles apenas Superego.
E o pit bull que me avançou 3 vezes - mesmo sedado?
Id com mau humor de Superego? Superego com o Id libertado? 
Na dúvida, lembrou do ex-namorado, para quem Superego era narcisismo, Id comunicação básica e o Ego escravo: continuava fugindo dos ataques enquanto tentava estabelecer o diagnóstico de um prognóstico ruim para um caso sem tratamento!
Esse Ego é mesmo tão sem graça...

Definitivo

Por favor aproveite a partida
Não repita a despedida
Não more mais em mim

Esqueça o caminho e a chave da casa
Esqueça os gostos e os cantos da alma
Esqueça o nome, telefone e todos os versos

E não reconheça mais a minha voz
E não sorria aos meus soluços
E não cante mais comigo aquela canção de amor

Não leia meus versos
Não regue minhas plantas
Não deixe nada mais viver

Eu não suportaria reviver as tardes
Recomeçar as conversas
Recriar os laços

Não deixe criar raízes novas
Não volte a ceifar meus sonhos
Não tente me convencer

Não o quero em minha cama
Ou em minhas lembranças
Não o quero em meu peito
A me sufocar

Simplesmente, vá
E não ameace
Não tente, não ouse
Me despertar outra vez.

Ing
16/06/11

Aos Poucos...

Há algo que me aquece
Em seu beijo
Aquece por dentro, estremece
Um pouquinho




Sinto que esse calor derrete
Um pedacinho do meu coração
Que já vinha tão frio
Sofrido, desacreditando de gostar

Há algo que ilumina
Um cantinho escondido
Onde talvez ainda haja algum sonho
Sobrevivente, latente

Há algo de saudade
Quando vamos embora
Um do outro
Há algo que teme, que treme
Quando pensa na despedida
Definitiva

Há algo que esquece
Que não era mais para tentar
Que não devia mais descansar
No abraço de ninguém

Há algo que anseia
Por uma noite mais longa
Por dormir em seu abraço
Por acordar para você

Há algo confuso
Há muito que não digo
Apenas mostro
Bem devagar

Há algo de bom
Há algo de quente
Que não quero perder

Há uma aposta
E uma tentativa
Há entrega
Há resistência

Há um sentimento
Que cresce
E um medo
Que entremeia

Há um casal
Que se descobre
Que se protege
E se revela


Ing 28/07/11 

domingo, 21 de agosto de 2011

Por um instante

Seja feliz!
É o que hoje digo ao meu passado
É o que hoje ensino ao meu futuro

Deixe seguir
Deixe fluir
É o que digo às amarras

Apague as mágoas
Aprenda novos amores
É o que digo ao meu coração
(mas ele é teimoso)

Respire o novo
Encha os pulmões de liberdade
E o corpo de frescor
E idéias novas
E um amor novo, em algum momento

Transborde o gozo
Reverbere o tremor
Feche os olhos do corpo
E abra os olhos da alma

Abrace
O próximo, o distante, o mundo
E se enrole
No corpo quente
Que atrai

Viva
Esqueça
Recomece
Flutue
Ao menos por um instante

Ing 28/07/11