Elaborando...

...Elaborando:

Meus escritos são como imagens de um caleidoscópio: pequenos fragmentos repetidos, ampliados e combinados para formar uma imagem, fechar uma gestalt.
Todos viram personagens, posso usar qualquer vivência, minha ou de outras pessoas, tudo o que me toca e pede algum sentido. Onde havia canutilhos e miçangas podemos ver flores, mandalas, imagens de abstrações variáveis.
Você pode estar refletido em algum, ou vários, momentos. Mas não se ache tanto nem tão pouco: não há lugares fixos, e você pode ser apenas dois canutilhos e uma miçanga, não a figura completa.
E por quê? Porque fechar gestalts é uma função básica do cérebro, porque escrever é um meio de elaborar vivências e transformá-las em algo que se pode ver sob várias perspectivas. Porque é meu modo de crescer, porque preciso ver algum sentido na vida. Ou simplesmente porque é possível passar horas apenas rodando um velho caleidoscópio.

_________________________________________________________________________

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Infértil

O peso da sua ausência sobre meu ventre
Sufoca,
Mais que o seu peso nas noites e manhãs de dúvidas


Meu ventre vazio acata seus medos
Se curva à sua partida
Expulsa os sonhos e o futuro

Meu ventre liso se acostuma
Ao frio e ausência
À busca por seu corpo
Em minhas memórias

Meu ventre exasperado desiste
Infértil de vida e de amor
Sedento de paz e ternura
Não porta semente
Não gera futuro
Apenas consome
O calor que você deixou


Meu ventre, frio, frágil
Esquece
Se aperta quando você passa
Se esconde quando você olha
Se mostra quando você ignora


Meu ventre não cresce
Atrai você
Suporta seu peso
Suporta sua perda
Finge não sentir-se vazio
Meu ventre, sem vida

Nenhum comentário:

Postar um comentário